A missão Curiosity da NASA representa um marco na exploração de Marte. Lançado em 26 de novembro de 2011 e com um pouso histórico em 6 de agosto de 2012, o rover não é apenas um veículo de exploração.

Ele é uma demonstração do avanço tecnológico da NASA, capaz de realizar experimentos e enviar informações diretamente de Marte, a cerca de 560 milhões de quilômetros da Terra.
Neste artigo, exploraremos com detalhes os computadores e os instrumentos que fazem a Curiosity ser uma das missões mais avançadas tecnicamente no espaço.
O Poderoso Cérebro do Curiosity: Os Computadores
O sucesso da missão Curiosity depende em grande parte de dois sistemas computacionais redundantes a bordo. Esses computadores são conhecidos como RCEs (Rover Compute Elements).
Cada um dos RCEs é equipado com um processador RAD750, projetado para resistir às condições extremas do espaço. Embora o RAD750 opere a apenas 200 MHz, ele é capaz de processar 400 milhões de instruções por segundo, o que é mais do que suficiente para os complexos cálculos necessários para a exploração de Marte.
Redundância e Resistência
Como a missão Curiosity ocorre em um ambiente muito distante, onde a comunicação com a Terra pode levar até 40 minutos, a confiabilidade do sistema computacional é vital. Para garantir que a missão não seja interrompida por falhas nos computadores, a NASA equipou o rover com dois RCEs idênticos. Caso um dos sistemas falhe, o outro assume sem a necessidade de intervenção manual.
Outro fator importante é a proteção contra radiação. Os computadores do Curiosity são protegidos por um revestimento especial que os torna resistentes aos raios cósmicos e outras formas de radiação presentes no espaço.
Isso é fundamental, pois a radiação pode danificar os circuitos e comprometer o funcionamento do rover. Esse sistema de proteção ajuda a garantir que os RCEs funcionem corretamente por longos períodos.
Memória e Armazenamento
Em termos de armazenamento, cada RCE conta com 256 MB de memória RAM e 2 GB de memória Flash. Embora a quantidade de memória possa parecer pequena comparada a computadores modernos, ela é mais que suficiente para as necessidades do Curiosity.
O processamento e armazenamento de dados científicos são otimizados para garantir que as imagens e análises sejam realizadas de forma eficiente, sem sobrecarregar o sistema. Além disso, o rover conta com um sistema de backup, o que ajuda a evitar a perda de dados importantes.
Sistema de Câmeras: Olhos que Observam Marte
O Curiosity está equipado com uma série de câmeras sofisticadas, capazes de capturar imagens de alta resolução e vídeos que ajudam os cientistas a estudar Marte em detalhes. As principais câmeras a bordo do rover são a MastCam, HazCam e a MAHLI.

MastCam: A Câmera Principal
A MastCam é a principal câmera do Curiosity, responsável por tirar imagens panorâmicas coloridas da superfície de Marte e filmar vídeos em alta definição. Com uma resolução de 1600 x 1200 pixels, ela consegue capturar imagens com detalhes impressionantes.
A MastCam possui duas lentes: uma para focos mais amplos e outra para focos mais detalhados, oferecendo aos cientistas a capacidade de analisar Marte em diferentes escalas.
Uma das características mais impressionantes da MastCam é sua capacidade de gravar vídeos em 720p a 10 quadros por segundo. Isso permite uma visão mais realista do ambiente marciano, algo que é crucial para a análise de características do terreno, clima e outros aspectos da superfície do planeta.
HazCam: Protegendo o Rover
A HazCam é uma câmera com uma função crucial: garantir a navegação segura do rover. Ela foi projetada para identificar obstáculos e problemas no terreno. Embora a qualidade de imagem da HazCam seja limitada a preto e branco, ela desempenha um papel vital ao garantir que o Curiosity não se depare com riscos inesperados durante sua exploração.
MAHLI: Imagens Microscópicas
A MAHLI é uma câmera que oferece imagens de close-up, essenciais para analisar os minerais e as texturas das rochas marcianas. Montada na ponta do braço robótico do Curiosity, ela pode capturar imagens de alta resolução em até 1600 x 1200 pixels.
Além disso, essa câmera é capaz de tirar fotos microscópicas, com uma resolução tão detalhada que pode observar partículas menores que um fio de cabelo humano.
Gerador de Energia: A Força Vital do Curiosity
A energia do Curiosity vem de uma fonte única: um gerador termoelétrico de radioisótopos (RTG), que converte o calor gerado pela desintegração do plutônio-238 em eletricidade.
Esse tipo de gerador é ideal para missões espaciais, já que ele fornece energia constante, mesmo em um ambiente onde o sol não está disponível, como ocorre em Marte durante a noite ou nas regiões polares.
O RTG do Curiosity gera 2,5 quilowatts-hora de energia, o suficiente para alimentar todos os sistemas e instrumentos do rover. Embora esse gerador não seja particularmente eficiente em termos de potência gerada, ele é ideal para missões de longo prazo, como é o caso do Curiosity, que já está em Marte há mais de uma década.
Sensores e Instrumentos Científicos
Além dos sistemas de computação e câmeras, o Curiosity está equipada com uma série de instrumentos científicos sofisticados. Esses dispositivos são projetados para realizar uma variedade de experimentos e análises, ajudando a NASA a entender melhor a geologia e a química de Marte.

Espectrômetro de Raios X de Partículas Alfa (APXS)
O APXS é um espectrômetro que analisa a composição química das rochas e do solo em Marte. Ele usa partículas alfa e raios X para determinar quais elementos estão presentes em amostras de Marte. Esse instrumento é essencial para entender a formação geológica de Marte e sua potencial habitabilidade.
ChemCam: A Análise Química Remota
A ChemCam é um dos instrumentos mais inovadores a bordo do Curiosity. Usando um laser, a ChemCam vaporiza pequenas porções de rochas e solos e, em seguida, analisa a composição química desses materiais com um espectrômetro. Isso permite aos cientistas estudar as características químicas das amostras sem precisar coletá-las fisicamente.
SAM: Buscando Compostos Orgânicos
O SAM (Sample Analysis at Mars) é um conjunto de instrumentos projetado para procurar compostos orgânicos, que são os blocos de construção da vida. Ele usa cromatografia de gases e espectrometria de massa para identificar compostos químicos em Marte, ajudando a entender se o planeta já teve condições adequadas para suportar vida microbiana.
RAD e DAN: Monitorando a Radiação
Dois outros instrumentos essenciais para o Curiosity são o RAD (Detector de Avaliação de Radiação) e o DAN (Albedo Dinâmico de Nêutrons). O RAD mede a radiação de alta energia em Marte, enquanto o DAN procura sinais de água no subsolo, analisando o hidrogênio presente nas rochas e no solo.
A Comunicação: Conectando o Curiosity com a Terra
O Curiosity utiliza três antenas UHF (Ultra High Frequency) para enviar e receber informações de e para a Terra. Essas antenas são responsáveis por transmitir os dados coletados pelo rover, incluindo imagens, resultados de experimentos e outros dados científicos importantes.
Embora a comunicação com a Terra seja limitada devido à distância, as antenas do Curiosity garantem uma troca contínua de informações, fundamental para o sucesso da missão.
Conclusão: A Incrível Jornada do Curiosity
Com a ajuda dessas tecnologias avançadas, a missão Curiosity não só aumenta nosso conhecimento sobre Marte, mas também nos aproxima da possibilidade de exploração humana no futuro. As lições aprendidas com essa missão serão fundamentais para o sucesso de futuras missões a Marte e, quem sabe, para a colonização do planeta.
Este rover é um exemplo brilhante da capacidade humana de construir tecnologia sofisticada e resiliente capaz de sobreviver e operar em ambientes extremos. A Curiosity não é apenas uma missão de exploração; ela é um símbolo da inovação e da busca incessante pelo conhecimento no espaço.
Gosta de missões espaciais? Leia nosso artigo sobre O Computador que Levou o Homem à Lua.
Link’s Úteis:
- Site oficial da Nasa.
- Página sobre instrumentação do Curiosity.